Há outras, que basta abrir um livro que esteja esquecido na estante ou na mesa de cabeceira, que esconde poemas ou desabafos que por vezes parecem estupidamente banais ou com analogias sem sentido, mas que em certas alturas...parecem que se conjugam e têm um significado, que mediante o estado de espírito, são mensageiros.
Hoje, abri um e li este poema. De seguida, escutei-o cantado pelo próprio autor e pela Maria Betânia.
Eu queria tanto lhe dizer
Da minha solidão, da minha solidez
Do tempo que esperei por minha vez,
Da nuvem que passou e não choveu
Minhas mãos estão no ar
Como aeroporto pra você aterrar
Também sou porto, se quiseres ancorar
Sou ar, sou terra e sou mar
Eu tenho a mão e você tem a luva,
Eu sou a montanha e você é a chuva
Que escorre e some no final da curva
E beija o rio, pra abraçar o mar
É por isso que a montanha tem ciúmes
Quando o vento leva a chuva pra dançar
Muitas vezes tudo acaba em tempestade
Raios gritam sobre a tarde,
Tardes dormem ao luar,
Anoitece à minha espera,
Amanheço a te esperar...
A montanha e a chuva - Orlando Morais